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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Maconha para uso medicinal ou uso recreativo?


Venho expressar minha opinião sobre recentes textos e discussões do uso medicinal de derivados sintéticos ou naturais da maconha como defesa para o uso, legalização, recreação da maconha e afins. Outro dia mesmo eu deixei um comentário no blog da sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento (http://blog.sbnec.org.br/2010/07/nota-de-esclarecimento-sbnec-e-a-maconha-4/#comments).

Há uma certa confusão das pessoas que defendem o uso da maconha, pode-se observar que a grande maioria sempre associa a legalização da maconha e uso recreativo com o uso medicinal, e o fazem com alguns artigos, livros que mostram o seu benefício. Isso gera uma pergunta: Será que parte dessas pessoas que fazem uso recreativo da maconha estão mesmo preocupados com seu uso medicinal ou é só uma desculpa, em que se apoiam, para o seu próprio consumo? Os argumentos que vejo nos textos e ouço de algumas pessoas me deixam com muita dúvida quanto a esta resposta.

"É importante não confundir uso medicinal com uso recreativo". "É importante não confundir uso medicinal com legalização da maconha".

É engraçado a visão unifocal que algumas pessoas tem quando escrevem sobre o uso da maconha. Ultimamente, comecei a observar essa peculariedade nos textos de pessoas que defendem o uso do Cannabis, onde sempre mostram artigos beneficiando o seu uso. Por que será que essas pessoas não mostram artigos como:

- "Maconha é ineficaz contra mal de Alzheimer e destrói neurônios" (Universidade da Colúmbia Britânica e Instituto Coastal Health Research)

- "Maconha pode aumentar o risco de psicose"

- Outro trabalho publicado em julho de 2001, compara o efeito analgésico da maconha aos demais analgésicos no mercado não encontrando vantagens da introdução da maconha com esse fim (http://archpsyc.ama-assn.org/cgi/content/full/58/10/909)

Quanto a comprovação do uso medicinal da maconha, um texto diz:
"Muita literatura médica precisaria ser lida para permitir afirmativa tão categórica";
"Cabe a análise da relação risco/benefício ao se utilizar os derivados da maconha ou de qualquer outra droga".
Então, por que ser tão categórico em escrever um texto defendendo o uso da Cannabis se não podemos confirmar o seu uso medicinal?? Precisaríamos de estudos, principalmente a longo prazo, para saber realmente quais seus efeitos diretos e indiretos, não??

Podemos ver artigos que mostram efeitos benéficos do uso da maconha como: Analgésico, estimulante de apetite, etc........e os efeitos no cérebro??? Destruição de neurônios, mudança no comportamento, psicose, esquizofrenia......por que esses efeitos ficam de lado nos textos dos "defensores" da Cannabis???

Sei que há muito mais coisas por trás da sua proibição do que a discussão de benefícios de uma plantinha. Mas essa não é a discussão aqui apresentada.

Mostrem-me que o uso de derivados da maconha são medicinais, que não acarretam problemas neurológicos, que sua defesa está voltada SOMENTE para este uso e NÃO para o uso recreativo, que então, eu também passo a defendê-la.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ciumento? Grandioso? Somático?

Delírios de que o parceiro está sendo infiel (ciumento)?

Alguém, frequentemente uma celebridade, está apaixonado por você (erotomaníaco)?

Sentimento inflado de valor, poder, talento ou conhecimento (grandioso)?

Crer possuir um defeito físico ou uma doença (somático)?

Crer que um outro está tentando fazer-lhe mal (persecutório)?

São tipos de TRANSTORNO DELIRANTE. Um tipo de psicose caracterizado pela presença de crenças persistentes e irracionais, não derivadas de outro transtorno mental.

Nesse transtorno, os delírios não são bizarros, pois envolvem coisas possíveis. À parte as crenças delirantes e o comportamento relacionado a elas, a pessoa age normalmente, embora possa ficar tão preocupada com esses sintomas que o cotidiano passa a ser afetado por eles.

Sua etiologia é ignorada, mas é mais comum em pessoas com parentes diagnosticados com o transtorno ou a esquizofrenia. Indivíduos isolados socialmente tendem a ser mais suscetíveis, e alguns casos podem ser desencadeados por stress.

A sua prevalência é estimada em 0,03 %. O período mínimo do quadro deve ser de um mês.

Para saber mais acesse o site da Associação Brasileira de Psiquiatria e faça a buscaporpalavra: transtorno delirante - http://www.abpbrasil.org.br/medicos/

Curiosidade:

Erotomania. Também conhecida como síndrome de clerambault, essa síndrome é um tipo raro de transtorno delirante no qual o doente acredita que outra pessoa está apaixonada por ele(a) - Tema central do romance Amor para sempre, do escritor Ian McEwan.

Ciúmes. A dúvida sobre a existência do adultério de Capitu, não havendo em nenhum momento algo que o comprove, permanecendo apenas como suspeitas em Dom Casmurro, obra de Machado de Assis.

Referência: Graziela Costa Pinto. Doenças e Transtornos. São Paulo: Duetto, 2009. 283p. (O Livro do Cérebro, v. 4).

quinta-feira, 29 de julho de 2010

1º Simpósio Internacional Explorando as Fronteiras da Relação Mente-Cérebro

24 a 26 Setembro 2010 - São Paulo
O Simpósio terá como principal objetivo discutir as relações entre mente e cérebro sob duas perspectivas: científica e filosófica. Na busca da compreensão da mente humana, pesquisadores internacionais na área estarão reunidos e debatendo os seguintes temas:
1- Ciência e Mente: análise empírica e filosófica do cartesianismo e do materialismo reducionista Robert Almeder, PhD (EUA)
2- O eterno retorno do materialismo: padrões recorrentes de explicações materialistas dos fenômenos mentais
Saulo de Freitas Araujo, PhD (Brasil)
3- Física sem colapso, mecanicismo e espiritualidade
Chris J. S. Clarke, PhD (Inglaterra)
4- O Cérebro, a mente e experiências transcendentes
Mario Beauregard, MD,PhD (Canadá)
5- Casos Sugestivos de Reencarnação e Relação Mente-Cérebro
Erlendur Haraldsson, PhD (Islândia)
6- Pesquisas sobre experiências mediúnicas e relação mente-cérebro
Alexander Moreira-Almeida, MD, PhD (Brasil)
7- Fenômenos psíquicos e o problema mente-corpo: aspectos históricos de uma tradição conceitual negligenciada
Carlos S. Alvarado, PhD (EUA)
8- Experiências de quase morte e relação mente-cérebro
Peter Fenwick, MD, PhD (Inglaterra)
9- Os processos quânticos cerebrais fornecem explicações científicas plausíveis para a consciência e a alma
Stuart Hameroff MD, PhD (EUA)
O evento terá tradução simultânea de todas as palestras Inglês-Português e Português-Inglês.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

AVC - De pai para filho: fatores genéticos e ambientais podem desencadear a doença

Por Danielle Lucon e Fábio Mury

Deitada no quarto, Maria levantou-se e presenciou seu marido, Antônio, se queixando de fortes dores de cabeça e falando com dificuldade. Maria vestiu-se rapidamente, chamou os três filhos, Pedro, de 24 anos, Fabiana, de 23 e João, de 19. Em cinco minutos, a família já estava no setor de emergência de um hospital universitário. Maria sabia que se tratava de um quadro de acidente vascular cerebral (AVC), já presenciado em 2004 com seu filho, João, na época com 14 anos.

O passado veio à tona para lhe ensinar que o tempo poderia estar a seu favor dessa vez. Ela sabia que cada segundo era precioso e que poderia salvar seu marido e fazer o que não pôde ser feito pelo seu filho, pois a demora para levar João ao hospital deixou sequelas, como o comprometimento no uso da linguagem, tanto no que diz respeito à expressão quanto à compreensão. Tanto Antônio quanto João eram hipertensos e apresentavam má formação cardíaca. Porém, enquanto o filho era jovem e praticava exercícios físicos, o pai tinha uma rotina sedentária.

Maria foi informada pelo médico sobre os fatores de risco ambientais que, juntamente com o fator hereditário, poderiam aumentar o risco de AVC em seus outros filhos. Essa mulher sentiu dor e sofrimento ao ver, primeiro, seu filho, e depois, o marido diante de um quadro de AVC. Porém, com amor e muita disciplina, incorporou medidas de prevenção no cardápio da sua família, reduzindo drasticamente a quantidade de sal e gordura em seus pratos. Tal atitude contribui para diminuir o risco da ocorrência do AVC e de outras doenças em sua família. Os nomes apresentados acima são fictícios, porém a situação é real.

...

Até pouco tempo atrás, as causas eram exclusivamente atribuídas aos hábitos de vida (sedentarismo, fumo, dieta etc), e a hipertensão, o tabagismo e o diabetes tipo 2 eram identificados como os principais fatores de risco para doenças cerebro vasculares (DCVs). Porém, aproximadamente 69% do risco de desenvolvimento dessas doenças não pode ser atribuído a esses três fatores individualmente.

Estudos recentes baseados em análises comparativas entre gêmeos monozigóticos ou idênticos – que possuem o mesmo material genético – e gêmeos dizigóticos ou fraternos – que não compartilham o mesmo material genético entre si –, acompanhados por um longo período de tempo, permitiram identificar que as DCVs apresentam uma concordância de cinco a seis vezes maiores entre os gêmeos idênticos, o que justifica o papel da herança genética na ocorrência das DCVs.

...

Paralelamente, alguns estudos contrariam a hipótese de que fatores genéticos sejam responsáveis pelas DCVs e afirmam que fatores ambientais como tabagismo, dieta e estresse são os principais desencadeadores. “As variações de mortalidade e incidência são relativamente rápidas na maioria das populações. O componente ambiental é maior do que o genético”, avalia Paulo Andrade Lotufo, neurologista e superintendente do HU/USP.

Contudo, ainda não é possível inferir de forma precisa qual a porcentagem de participação dos fatores genéticos e ambientais na etiologia (ou seja, nas causas) das DCVs. No entanto, recentes estudos têm demonstrado que os fatores genéticos podem predispor indivíduos mais susceptíveis à ação de fatores de risco convencionais, modulando seus efeitos ou interferindo diretamente no risco de AVC. Por isso, sabendo que alguém na família já teve AVC, como no caso relatado no início deste texto, aumenta o alerta quando surgem sintomas semelhantes.

Leia o texto completo em Reportagem para a Revista Eletrônica de Jornalismo Científico Com Ciência - SBPC/Labjor: http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=47&id=580

Estágios da doença de Alzheimer

O que significa DEGENERATIVO?

O cérebro, como todos os órgãos, degenera e isso pode acarretar condições mentais adversas como perda de memória, comprometimento cognitivo e, em casos graves, demência.
DOENÇA DE ALZHEIMER

CAUSA MAIS COMUM DE DEMÊNCIA, TRATA-SE DE UM QUADRO DEGENERATIVO PROGRESSIVO, EM QUE PLACAS CAUSAM DANOS AO CÉREBRO.

ESTÁGIOS DA DOENÇA:

Os sintomas e a progressão da doença de Alzheimer variam de pessoa a pessoa. No entanto, se agravam conforme a doença progride e áreas extensas do cérebro são afetadas, ainda que em alguns casos possa haver períodos em que o paciente aparenta melhora. Geralmente, há três estágios no seu desenvolvimento.

Estágio 1. Sintomas: A pessoa se torna cada vez mais esquecida, o que tende a causar ansiedade e depressão. No entanto, a deterioração da memória é consequência normal da idade, não sendo, por si só, prova de Alzheimer.

Estágio 2. Sintomas: Há perda da memória, principalmente de eventos recentes, além de confusão sobre a época ou o lugar onde se está; dificuldade de concentração; afasia (incapacidade de encontrar a palavra certa); ansiedade; instabilidade e mudanças de personalidade.

Estágio 3. Sintomas: A confusão se agrava e há possibilidade de surgir sintomas psicóticos, como delírios ou alucinações. Pode haver reflexos anormais e incontinência.

DIAGNÓSTICO:

Pode ser diagnosticada pelo sintomas, embora escaneamentos cerebrais, exames de sangue e testes neuropsicológicos também possam ser requeridos.

TRATAMENTO:

A conduta terapêutica visa retardar a degeneração, mas não chega a estacionar o declínio por completo. Ao final, serão necessários cuidados especiais para com o doente, Inibidores de acetilcolinesterase são capazes de retardar o progresso da doença de Alzheimer nos estágios inicial e intermediário; já a memantina, nas fases mais adiantadas.

Bibliografia:

Graziela Costa Pinto. Envelhecimento e disfunções. São Paulo: Duetto, 2009. 72p. (O Livro do Cérebro, v. 4).

Foto: Publicado na Revista Ciência Hoje 243

SITES SOBRE A DOENÇA:
http://www.abraz.com.br/ - Associação Brasileira de Alzheimer - Informações sobre a doença, orientações para o familiar/cuidador, Agenda dos Grupos de Apoio da ABRAz e muito mais.

http://www.drauziovarella.com.br/Sintomas/Index/8/Alzheimer/0/0/1-10?id=290&sourceName=artigos - Drauzio Varela.com.br - Informações gerais como por exemplo: recomendações aos familiares e aos doentes.

http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/4985/atividade-fisica-e-alzheimer - Artigo "Atividade física e Alzheimer" - Descreve a progressão da doença, o declínio das funções cognitivas e motoras, a velocidade da evolução e pesquisas mostrando que a atividade física pode reduzir o risco de Alzheimer em até 50%.

http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/4980/doenca-de-alzheimer - Artigo "Doença de Alzheimer" - Descreve a doença, os estágios e fala sobre as linhas de pesquisas em desenvolvimento, como uma vacina contra as placas de proteína beta-amilóide.

domingo, 27 de junho de 2010

Maconha é ineficaz para o tratamento de Alzheimer



Estudo científico comprova que a maconha é ineficaz contra mal de Alzheimer e
destrói neurônios.

Um estudo publicado no jornal científico Current Alzheimer Research desmente pesquisas anteriores que afirmavam que o uso de maconha poderia trazer “benefícios” no tratamento do Mal de Alzheimer (doença neurodegenerativa caracterizada pela progressiva deterioração cognitiva e é a forma mais comum de demência). Segundo estes antigos estudos, a substância química HU210, uma fórmula sintética dos componentes encontrados na maconha, conseguiria estimular o crescimento de novos neurônios em ratos que carregavam uma toxina responsável pela formação de placas no cérebro, assim como na doença de Alzheimer.

Nos novos estudos, promovidos pela Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) e pelo Instituto Coastal Health Research, foram usados ratos carregados com os genes humanos responsáveis pelo mal de Alzheimer - considerado por ser um modelo mais preciso para a doença em seres humanos.

Os cientistas esperavam bons resultados com o uso dos componentes da maconha, mas os ratos, tratados com altas doses de HU210 durante várias semanas, não se mostraram em condições melhores do que o grupo de controle – os animais que não ingeriram nenhuma substância. O efeito foi contrário: os animais que tomaram a droga acabaram com danos irreversíveis nas células cerebrais, confirmando a maioria dos estudos que afirmam que o uso da maconha afeta a inteligência e gera doenças.

O resultado desta pesquisa põe em xeque todos os demais estudos que pretendem “comprovar” os supostos benefícios do uso de maconha por portadores de males neuropsiquiátricos. Mais estudos devem ser feitos antes de colocar muita esperança nos benefícios da maconha para pacientes de Alzheimer.

Os efeitos maléficos da maconha atingem com certeza o comportamento e a personalidade dos usuários, além da síndrome amotivacional. Uma pessoa que use maconha tem como objetivo alcançar um estado diferente de percepção sentir-se como num sonho ou para relaxar-se. A constituição desses grupos reforça a certeza de que consumir maconha é a coisa certa, que a maconha é uma das coisas mais importantes da vida dele.

A respeito da legalização da maconha por ela trazer supostos benéficios, há uma certa hipocrisia por parte dos usuários em basear-se em artigos para defender o seu próprio consumo. Quando alguém mostra um artigo citando a maconha como “alvo-terapêutico”, os usuários dizem: “Viu só, estudos mostram o uso da maconha para o tratamento do câncer, da epilepsia, …”, mas quando alguém mostra artigos desmentindo seus benefícios, eles dizem: “AH…mas o álcool também destroí os neurônios” e aquele artigo nem é tocado. A via é de mão única!!!! São tão céticos que não observam isso!!!

Fonte:
http://www.publicaffairs.ubc.ca/2010/02/08/marijuana-ineffective-as-an-alzheimer%E2%80%99s-treatment-ubc-vancouver-coastal-health-research/

terça-feira, 22 de junho de 2010

O mapa da epilepsia no Brasil


Regiões com centros cirúrgicos para o tratamento da epilepsia têm reduzidas suas taxas de mortalidade pela doença

Por Danielle Lucon

Em todo o mundo, a incidência de epilepsia varia conforme a região geográfica. Assim, nos países em desenvolvimento, em que há deficiência no atendimento médico, subnutrição e enfermidades, esse número pode chegar a 2%. Já nos países desenvolvidos a incidência é de aproximadamente 1%. Aqui no Brasil, a epilepsia é uma condição neurológica que atinge 1,8% da população.

Para oferecer o melhor tratamento a essas pessoas, é preciso diagnosticar a causa da epilepsia. O uso de medicamentos é uma das terapias mais utilizadas e promove resultados animadores ao controlar as crises epilépticas em 70% dos casos. A eficácia do tratamento medicamentoso depende de pessoa para pessoa e do tipo de crise que ela tem. Em determinados casos, a cirurgia é uma alternativa.

De acordo com o presidente da Liga Brasileira de Epilepsia (LBE), Wagner Teixeira, os centros - ativos - de tratamento cirúrgico para epilepsia (CTCE) que atendem pela rede pública (SUS) em nosso país estão concentrados em apenas sete dos 27 Estados brasileiros (Ver mapa).

Para Wagner Teixeira é claro que os centros existentes não comportam a demanda de pacientes no Brasil. “Hoje, os CTCE só estão beneficiando um terço das pessoas com epilepsia no país. E, embora haja um recente esforço do Ministério da Saúde em credenciar mais centros, muitos deles não têm condições de realizar cirurgias. Ainda falta um programa especial do governo para aumentar a quantidade de CTCE”, alerta presidente da LBE.

Nas regiões em que não existem centros para o tratamento cirúrgico, por exemplo, os pacientes são orientados e encaminhados para os centros de referência, por meio do programa de transferência do Ministério da Saúde, chamado Central Nacional de Regulação da Alta Complexidade (CNRAC).

Mortalidade X atendimento

Após o diagnóstico, o paciente recebe uma lista de medicamentos chamada de Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME). Essa lista engloba quatro remédios básicos que devem ser usados no tratamento em todos os Estados. Além dessas medicações, há outras, de alto custo, que não estão na lista, mas que também são oferecidas pelo Ministério da Saúde gratuitamente e podem ser distribuídas em qualquer localidade.

Como não há um mapa que registre como é feita a distribuição de remédios em cada Estado, na prática, ela acaba sendo diferente do que os médicos gostariam. Nas regiões em que há uma maior e melhor disponibilidade das drogas antiepilépticas, acredita-se que ocorra uma redução na mortalidade proporcional por epilepsia.

Segundo o artigo publicado na Revista Ciência Saúde Coletiva em 2009, o cálculo dos coeficientes de mortalidade por epilepsia, segundo a região, evidenciou: redução de 16,67% na região Norte; redução de 42,31% na região Sudeste; redução de 12,08% na região Sul; e aumento de 17,35% na região Centro-Oeste e aumento de 80% na região Nordeste. O aumento dos casos na região Nordeste pode estar relacionado à falta de centros de tratamento cirúrgico e a baixa disponibilidade dos medicamentos comparados a outras regiões.

Visando o bem-estar de pessoas com epilepsia, no que se refere ao tratamento e à diminuição do estigma, preconceito e discriminação, equipes da área da saúde criaram as associações dos portadores de epilepsia (Aspe), nas quais médicos e pacientes lutam juntos para uma melhor oferta de centros de tratamento cirúrgico e disponibilidade de medicamentos, assim como a integração do indivíduo à sociedade. Foram criadas associações em quase todos os Estados brasileiros (ver mapa).

“Com a criação das Aspe, as chances de ganho nas reivindicações para o bem-estar do paciente é muito maior do que se essa organização não existisse”, garante Wagner Teixeira. A Aspe é, sem dúvida, muito importante na vida dos pacientes. E o presidente da LBE conclui, “tem que haver um investimento amplo do governo tanto na parte básica de sustentação do tratamento da epilepsia como o acesso à medicação. Além disso, não deixar de oferecer o tratamento cirúrgico em que as chances de melhora do quadro são muito grande, o que pode representar muito para quem não teria outra saída se não a cirurgia”.


Artigos:
Ferreira, Israel de Lucena Martins; Silva, Tiago pessoa Tabosa. Mortalidade por epilepsia no Brasil, 1980-2003. Ciência saúde coletiva 14(1), 89-94, 2009.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Feromônio do medo

Agência Fapesp do dia 17-05:

Pesquisadores do Brasil e Estados Unidos descobrem composto químico que, secretado por predadores, provoca o medo em camundongos. Descoberta, que foi capa da Cell (14/5) - é assinado por Fabio Papes, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Darren Logan e Lisa Stowers, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Scripps, dos Estados Unidos - poderá ajudar a entender como atividade elétrica no cérebro gera comportamentos.


Segundo Papes, o estudo demonstrou que no órgão vomeronasal – órgão presente nas narinas de muitas espécies de animais e capaz de captar os mensageiros químicos conhecidos como feromônios – há neurônios específicos para detectar as moléculas que induzem ao medo.

“A compreensão desse sistema poderá nos ajudar no futuro a controlar problemas como fobias, o estresse pós-traumático – que gera custos sociais muito grandes –, síndrome do pânico e esquizofrenia, por exemplo”, disse Papes à Agência FAPESP.

De acordo com Papes, nos sistemas sensoriais da visão, da audição e do olfato, os estímulos físicos – respectivamente a luz, o som e as moléculas – são transformados pelo sistema nervoso em atividade elétrica. Esses impulsos elétricos transmitidos por células neurais, são interpretados e transformados em respostas comportamentais ou hormonais.

“O estudo dessa transformação é importante do ponto de vista médico, porque doenças mentais, neurodegenerativas e fobias estão ligadas a esse mecanismo. O sistema olfativo é um excelente modelo para o estudo dessa transformação, porque a ligação entre estímulo e comportamento é direta, independente do aprendizado e da memória. Os animais respondem de maneira inata a algumas moléculas”, explicou.

O artigo The Vomeronasal Organ Mediates Interspecies Defensive Behaviors through Detection of Protein Pheromone Homologs, de Fabio Paepes, Darren Logan e Lisa Stowers, pode ser lido por assinantes da Cell em http://www.cell.com/.

sábado, 8 de maio de 2010

"Uma esmola pelo amor de Deus"

"Uma esmola, meu, por caridade

Uma esmola pro ceguinho, pro menino

Em toda esquina, tem gente só pedindo

Uma esmola pro que resta do Brasil

Pro mendigo, pro indigente" - Skank


Saí da padaria com dois enroladinhos de salsicha em um pacotinho que havia sobrado de um lanche rápido de final de tarde que faço antes de ir para a aula de inglês. Em outra mão, um litro de leite numa sacola, quando meus olhos notam um moço, de uns 40 anos, à espera de algo ou alguém do lado de fora da padaria. Curiosamente, eu pergunto o que esperas ali naquele canto, sua voz baixa me diz que espera pelas sobras que todo o dia naquele mesmo horário o moço da padaria, o Antonio, lhe dá. Entrego a ele o meu pacotinho de enroladinhos e pergunto se queres que eu compre paezinhos para ele e para a sua esposa - soube da esposa por perguntar se ele estava sozinho - e humildemente me diz que não é necessário pois estava à espera de Antonio.

Em poucos segundos, nosso cérebro é capaz de ativar pensamentos, experiências e lembranças vividas e associá-las àquela situação de problema social. Insisti quanto aos paezinhos e "nada feito". Dei dois passos em direção ao curso quando me virei novamente com a mão estendida entregando-lhe a sacola com o leite. "Mas você comprou o leite para você, vai te fazer falta", disse aquela voz humilde. Sim, era verdade que eu iria fazer uma vitamina mais tarde com o leite, mas falta, iria fazer para ele e sua esposa muito mais do que para mim. Ele agradeceu e então fui embora com uma sensação de paz.

"O povo brasileiro tem o hábito e a cultura de dar esmola e ainda ter pena dos excluídos, com a visão de que a vida não deu a mesma chance para esses pobres coitados" (Esmola... reportagem de Raul Camilo - revista Filosofia, Ciência e Religião), não poderia ter palavras mais sábias para explicar a minha segunda sensação.

Na visão do Espiritismo e do Catolicismo, um dos atos de maior importância é a caridade. No budismo, as esmolas são dadas por leigos para monges e freiras para conseguir méritos e bençãos, além de assegurar a continuidades monástica. Buda Sidarta Gautama, fundador do budismo, deixou toda a riqueza de sua família para viver na pobreza e de esmola junto com seu povo. A esmola é vista de forma diferente nas diversas culturas no mundo.

Há quem não dê dinheiro como esmola, mas oferece um prato de comida. Certa vez, o lanche oferecido foi negado pelo pedinte, o que ele queria era dinheiro. Confiar que esse dinheiro seja bem aproveitado é uma tarefa difícil, não é mesmo? Vimos pessoas mandando seus filhos pedirem dinheiro no sinal para seus próprios pais. Dinheiro que pode ser usado para comprar drogas, álcool e outros fins. As pessoas do bem acabam pagando por pessoas inescrupulosas, que se aproveitam da oportunidade.

Então, dar ou não esmolas? Como distiguir pessoas oportunistas das pessos que precisam? Por que escolhemos dar esmolas para alguns e não para outros? "Ao contrário de dar dinheiro, pode-se doar tempo e carinho em uma conversa amena e fraterna, incentivando o pedinte a ir à luta em buscas de seus objetivos e conquistas" - Tarefa nada fácil, heim? Com um simples gesto de generosidade podemos mudar o cenário dessa miséria e pobreza.

Interessante ler:
Esmola...
Quando doamos, agimos certo?
E se negarmos, agimos errado?
E você acha correto dar esmola?
Reportagem de Raul Camilo Coelho Motta
Revista Filosofia, Ciência e Religião, Ano 4, n° 8, 2010
ISSN 1881-8734

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Tem lido alguma coisa sobre religiosidade?

Dedicar-se a algumas leituras sobre algo que eleve sua mente e faça perceber a espiritualidade que existe dentro de você, de uma forma ou outra promovem o “religare” com a divindade.

Dê mais atenção à sua religiosidade. Precisamos sempre estar ligados a esse sentimento para que tenhamos a que nos apegar nos momentos difíceis. Ter fé é fundamental para que possamos reunir forças e facilitar a resolução de nossos problemas e conseguir benefícios.