Envelhecimento da população e falta de informação sobre a doença elevam índice em 16%
Por Camila Ancona
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
camila.ancona@rac.com.br
Publicada em 25/10/2010 - Correio Popular digital
O número de mortes por acidente vascular cerebral (AVC) cresceu 16% de 2008 a 2009 em Campinas entre pessoas com 60 anos ou mais, segundo dados da Secretaria de Saúde. São esses indivíduos, inclusive, os que mais desconhecem a doença, segundo pesquisa realizada em Campinas no ano passado com 130 pessoas. O estudo foi realizado por alunos* do Laboratório de Estudos Avançados do Jornalismo (Labjor), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O envelhecimento da população e a dificuldade de prevenção da doença podem ter influenciado no aumento das mortes.
A Secretaria de Saúde aponta que as mortes neste grupo passaram de 392 em 2008 para 455 no ano passado. Esse índice cresceu 27,8% quando comparados o período de 2000 a 2009. No ano passado, a região Sul (do Jardim Proença ao Parque Oziel), registrou o maior número de óbitos por AVC: 135. O segundo local com maior número de mortes foi a região Leste (do Alphaville ao Carlos Gomes), com 125 casos.
O envelhecimento da população na região Leste é uma das hipóteses para o aumento das mortes, segundo o secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva. “Com a população mais idosa, o que vem ocorrendo na região Leste, o risco de uma doença cardiovascular é maior, como é o caso do derrame”, disse. O número expressivo de óbitos na região Sul deve-se, segundo o secretário, ao número de habitantes, cerca de 300 mil. “A região acaba sendo proporcionalmente mais afetada devido ao grande número de pessoas que residem no local”, disse Saraiva.
Entre 2008 e 2009, as mortes por derrame na região Sul cresceram 33,6% e na região Leste, 6%. O desconhecimento é o grande vilão da doença, que pode ser prevenida com hábitos saudáveis. “O importante é a prevenção. Ainda falta conhecimento sobre o que pode causar o AVC. Por isso, a nossa grande preocupação deve ser com a capacitação da população quanto à prevenção”, ressaltou o secretário.
Entre a população até 60 anos, houve redução de 15% no número de óbitos, de 110 para 96 na comparação entre 2008 e 2009, também conforme dados da Secretaria de Saúde. O levantamento dos alunos do Labjor apontou maior conhecimento do assunto justamente entre as três categorias: até 17 anos, de 18 a 24 anos e de 25 a 59 anos. A população que corresponde a essas faixas etárias disse saber o que significava um AVC. No entanto, quase 60% dos entrevistados acima de 60 anos não sabiam.
Dos que informaram conhecer a doença, 57% possuem nível superior, conforme o levantamento. O estudo apontou que a grande maioria dos entrevistados nas quatro faixas etárias afirmaram que já ouviram falar sobre acidente vascular cerebral e uma maior parte também sabe o que é o derrame, como é popularmente conhecida a doença. De acordo com a pesquisa, é comum, nas quatros faixas, conhecer alguém que já foi afetado pelo AVC.
Para o professor Li Li Min, do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (Unicamp), boa parte do derrame é preventiva apenas com o hábito de vida. “A falta de informação pode estar associada ao crescimento da doença porque muita gente ainda não sabe o que causa o popular derrame. Isso precisa mudar porque as sequelas dependerão de quão rápido a pessoa receber o tratamento especializado. Quanto mais rápido o atendimento, maiores as chances de sobrevivência.”
Para ler toda a reportagem acesse: http://cpopular.cosmo.uol.com.br/mostra_noticia.asp?noticia=1712785&area=2020&authent=8DFCB8D7001452AFDE9AF52236708D
*Trabalho desenvolvido pelos alunos de Divulgação científica, o qual fiz parte. Nós todos do grupo ficamos honrados pela reportagem.
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