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quinta-feira, 4 de março de 2010

A base da fé


Sistemas de crenças rígidos podem levar as pessoas a "verem" coisas que não existem. Durante os julgamentos das bruxas de Salem, ocorridos em 1962, no Estado Americano de Massachusetts, fanáticos religiosos "viram" indícios do demônio no comportamento de pessoas absolutamente comuns. A superstição e a credulidade levaram à execução de jovens.

O fanatismo é o "excesso de zelo na defesa de certos ideais religiosos dando margem para alguns assombrosos banhos de sangue ao longo da História", trecho retratado no Livro A Peste das Almas. História de fanatismo.

A prática religiosa pode ser, na maioria das vezes, determinada por fatores culturais. No entanto, será que temos uma região específica no cérebro relacionado a fé? A transcedência espiritual compartilha algumas características com experiências "estranhas", como as vivências de sair do corpo, de ver auras e "da presença sentida". Essas coisas estão associadas a turbilhões de atividade extraordinariamente alta nos lobos temporais (ver reportagem de janeiro sobre religiosidade exarcebada em pessoas com epilepsia do lobo temporal).

A crença e a descrença são induzidas por partes do cérebro relacionadas às emoções, e não ao raciocínio. A fé ativa o córtex pré-frontal ventromedial, que processa a recompensa, a emoção e o paladar, enquanto a descrença é registrada pela ínsula, que gera sentimentos de repulsa.

O cérebro busca constantemente dar sentido ao mundo a fim de guiar nossas ações. Uma maneira de fazer isso é criar histórias ou conceber ideias explicativas, às quais incluímos experiências próprias. Em geral, essas montagens são úteis, mas nem sempre corretas.

Referência:
O Livro de Cérebro (traduzido pela editora Duetto);
LOPES, Marcos Antonio e MARTINS, Marcos Lobato. A Peste das Almas. História de fanatismo. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

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