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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Parkinson: Cérebro e coração?

A dopamina é um neurotransmissor, precursor natural da adrenalina e da noradrenalina. Tem como função a atividade estimulante do sistema nervoso central, ajuda a controlar os músculos e os movimentos.

As células que produzem a dopamina estão nos núcleos da substância negra (observar a foto) do mesencéfalo. Danos a elas reduzem a produção desse neurotransmissor, resultando nos sintomas motores típicos da doença de Parkinson.

Substância negra em um cérebro saudável (à esquerda) e substância negra diminuída em um cérebro com Parkinson (à direita ) - Foto: Rui Daniel S. Prediger

Os sintomas se desenvolvem progressivamente, começando com tremor nas mãos e pernas, progredindo para o arrastar de pés para andar, enrigidez dos músculos, escrita ilegível e postura inclinada. Na fase avançada, problemas na fala, dificuldade para engolir e eventual depressão.

Estudos recentes ressaltam novas formas de manifestação clínica da doença de Parkinson, como a associação da doença com problemas no coração, trabalho apresentado no 18th WFN World Congress on Parkinson’s Disease and Related Disorders, realizado em Miami, nos Estados Unidos, em dezembro último. A reportagem é da Agência Fapesp do dia 4/2/2010.

A apresentação foi do pesquisador Antonio Augusto Coppi, responsável pelo Laboratório de Estereologia Estocástica e Anatomia Química (LSSCA) do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP).

A pesquisa procura entender de que forma a doença afeta o coração. A equipe de Coppi induziu a doença de Parkinson nos camundongos por meio do uso do 1-metil-1-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropirimidina (MPTP), de modo a analisar seus efeitos no miocárdio, na inervação do coração e nos neurônios do sistema nervoso central. O objetivo é ver se o MPTP pode ser um bom modelo para se quantificar os efeitos da doença de Parkinson no coração.

Nos resultados preliminares, o grupo de camundongos que recebeu a droga apresentou, à análise morfológica estereológica estocástica tridimensional, uma atrofia do ventrículo esquerdo do coração e “uma tendência ao aumento do número de núcleos de fibras cardíacas (cardiomiócitos) desse mesmo ventrículo, o que é sugestivo de uma proliferação compensatória dessas fibras”, disse Coppi. O decréscimo nas concentrações de neurotransmissores no coração – dopamina e noradrenalina - também foram os dados observados.

A droga MPTP é muito utilizada para induzir doença de Parkinson em camundongos e em primatas, mas Coppi destaca que "os estudos sempre enfocaram o cérebro, mas sem abordar o aspecto morfoquantitativo do coração”.

De acordo com Coppi, a doença de Parkinson pode se iniciar pelo sistema nervoso periférico e, a partir daí, pode afetar os órgãos que são inervados por esse sistema periférico e depois evoluir para o cérebro. A teoria postulada hoje é que a doença de Parkinson comece no sistema nervoso central e evolua para um quadro periférico, afetando outros órgãos.

Pesquisas recentes e futuras poderão descobrir quais desses caminhos a doença de Parkinson percorre e, sendo assim, poderemos encontrar respostas para as causas, até então, desconhecidas.

Mais detalhes sobre a pesquisa podem ser obtidos com o professor Coppi por e-mail (guto@usp.br, skype (antonio.augusto.stereo), telefone (11) 3091 - 1214 ou visitando o site do LSSCA (www2.fmvz.usp.br/lssca).

Referências:
O livro do Cérebro (Traduzido, lançado pela editora Duetto)
Agência Fapesp: http://www.agencia.fapesp.br/materia/11724/parkinson-e-coracao.htm

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