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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Evolução cerebral: um genoma diferente do resto do corpo?

Trechos do artigo "Darwinismo cerebral", de Alysson R. Muotri (neurocientista, professor da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD) - Revista Pesquisa Fapesp -Edição Impressa 157 - Março 2009:

Entender como a complexidade neuronal é moldada durante o desenvolvimento é mergulhar em questões fundamentais da origem da nossa espécie.

A formação do cérebro humano não é um processo otimizado. Pelo contrário, a maioria das células geradas será descartada e apenas uma pequena fração será usada. O mecanismo por trás dessa seleção é obscuro e existem evidências sugerindo que fatores extrínsecos e intrínsecos contribuam para a sobrevivência ou morte celular.

Apenas as células precursoras com as propriedades corretas, no momento e local ideais, irão florescer e amadurecer em neurônios funcionais, contribuindo para a formação das redes nervosas. Nessa competição, forças de variação e seleção atuam para esculpir cada cérebro humano, cada rede neural, neurônio por neurônio, gerando a verdadeira individualidade na forma como cada um de nós recebe, processa e interage com o mundo exterior.
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Estudando como os genes eram re­gulados durante a especialização neuronal a partir de células-tronco, notamos que havia uma ativação dos elementos transponíveis tão logo a célula optasse pela diferenciação neuronal.

Dois anos depois, após lutar contra a resistência natural do paradigma vigente, conseguimos demonstrar que os neurônios possuíam genomas únicos. Ao contrário do atraente conceito de que todas as células do corpo possuem o mesmo genoma, e que as diferenças seriam meras consequências da regulação gênica, havíamos juntado evidências fortes o suficiente para demonstrar que isso não era o caso no cérebro.

Cada neurônio parecia ser único, cada um apresentava novas inserções no genoma, impactando genes próximos. Essa atividade amplificaria o efeito da regulação gênica, gerando uma enorme variação celular e aumentando o repertório de tipos celulares capazes de serem formados por um dado grupo de genes. Esse mecanismo de variação e flexibilidade parece contribuir para a originalidade de cada cérebro, explicando por que mesmo gêmeos geneticamente idênticos apresentam personalidades características.
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Curiosamente, durante a evolução dos primatas, observa-se uma impressionante correlação entre a adaptação humana e o surgimento de novas sequências transponíveis. Evidências de alterações climáticas globais sugerem que ambientes mais frios, secos e com maiores variações devem ter ocorrido cerca de 3 milhões de anos atrás. As alterações bruscas acabaram por diminuir o suprimento de comida e água, pressionando fortemente a adaptação de nossos ancestrais a novos ambientes.

Interessantemente, novas famílias de elementos transponíveis no genoma surgem na mesma época em que os humanos adquirem o bipedalismo, apresentam um aumento da massa cerebral e apresentam as primeiras evidências de uso de ferramentas, consciência ou motivação artística.
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Qualquer que seja a função do mosaicismo genético dos neurônios, é preciso cautela no desenho dos experimentos que permitirão investigar o fenômeno. Atualmente é impossível usar técnicas clássicas de nocaute genético para eliminar os genes saltadores do genoma. São vários deles que estão ativos no genoma. Além disso, estão espalhados pelos cromossomos. Vai ser preciso bastante criatividade para buscar situações experimentais onde a hipótese possa ser testada. Qualquer que seja o resultado encontrado, só vai ser real se fizer sentido sob a ótica evolucionária.

Leia o artigo inteiro:
http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=3817&bd=1&pg=1&lg=

Ou baixe em pdf:
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/pdf/157/37-45_darwin_157.pdf

domingo, 4 de abril de 2010

Capacete Inteligente: protege o cérebro após acidente

Resenha da reportagem "Capacete refrigerado ajuda a salvar vidas" exibido dia 02/04 no Jornal Nacional: http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL1555564-10406,00.html

Uma tecnologia desenvolvida na Inglaterra pode ajudar a salvar vidas nos acidentes de moto. Quem mostra a novidade é o correspondente Marcos Losekann.

A reportagem ressalta que o capacete é um item de segurança indispensável, seja no lazer, no trabalho ou nos esportes de velocidade. Um acessório importante que ajuda a evitar maiores danos em caso de acidentes.
O centro de inovações da Universidade de Brighton, no sul da Inglaterra, analisou o que acontece com o cérebro depois de levar uma pancada. A temperatura da cabeça aumenta. Quando passa de 42ºC, pode ser fatal. O capacete inventado mantém a temperatura normal da cabeça após o acidente.

Nada foi alterado na estética do capacete, o segredo está dentro dele, embaixo da forração. Uma embalagem que contém água e outra com nitrato de amônio. Na hora do acidente, por conta do impacto, o saquinho arrebenta, a água entra em contato com o nitrato de amônio e provoca uma reação química, que instantaneamente faz baixar a temperatura interna. Fica ao redor de zero grau.

O objetivo da refrigeração instantânea é manter a temperatura normal do cérebro, pouco acima de 37ºC. O inventor do sistema explica que o nitrato de amônio, misturado com água, forma uma espécie de capa sobre a cabeça, dentro do capacete. A refrigeração, segundo ele, chega a durar 45 minutos, tempo suficiente para que o acidentado seja socorrido.

Brevemente, também foi citado um outro equipamento que pode ser instalado no capacete: um chip que é um minigps. Ele emite um sinal, via satélite, para o serviço de resgate, com as coordenadas exatas do local do acidente.

Podemos observar que esta reportagem conta duas invenções que são acopladas no capacete para a proteção do cérebro por causa do grande impacto após um acidente e a localização exata do local que é enviada para o serviço de resgate, mas nada é referido sobre a disponibilidade desta tecnologia no mercado e seus custos.

sexta-feira, 26 de março de 2010

A vida é feita de nossas atitudes

Castelo Santo Angelo - Roma

Um sonho é construído por nossas escolhas. O livre-arbítrio nos permite escolher qual o caminho a seguir. Mesmo nos deparando com algumas bifurcações só há dois caminhos: seguir em frente com a certeza que estamos fazendo a escolha certa ou ficarmos paralisados com a dúvida e medo da escolha errada.

"Ninguém disse que seria fácil... Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim" - The Scientist

Sempre ouvi a famosa expressão "colhemos o que plantamos", e hoje, acho que pela 1° vez, senti orgulho de mim mesma, como se cada sementinha florescesse. Suas mudas tocaram meu rosto suavemente e disseram: "vc plantou, semeou e agora pode começar a colher os bons frutos". "Una giornata particulare" (um dia especial) - Uma emoção que invadiu meu ser e por todo o momento teve o poder de curar qualquer ferida da vida.

Novas descobertas no projeto de doutorado me trouxeram grande alegria e sonhos a realizar, talvez, mais rápido do que eu imaginava. Um sonho e uma luta para conquistá-lo. Assim também é o amor. As pedras do caminho servem para erguer um lindo castelo, quanto mais pedras, mais lições da vida e cabe a nós decifrarmos os instantes mágicos.
"Instante mágico é um momento em que toda a força das estrelas passa por nós, e nos permite fazer milagres" - Paulo Coelho

Buscamos a felicidade quando caminhamos em direção àquilo que sempre desejamos. É preciso aceitar os desafios da vida, correr riscos e enfrentar a vida, assim o tempo será um aliado e não um inimigo. Estou feliz por ter forças para lutar por tudo àquilo que desejo, por transformar o desejo em sonho e poder realizá-lo no momento certo da vida.

Definitivamente: "A vida é feita de nossas atitudes"

domingo, 14 de março de 2010

Os genes influenciam as atividades cerebrais.

Gene é uma sequência de DNA que está organizada nos cromossomos, garantindo a sua expressão por gerações, e que apresenta regiões codificadoras de RNA, que irá ser traduzida em proteína. Proteínas desempenham muitos papéis no corpo, umas formam estruturas (como o cabelo); outras, regulam processos.

Os genes podem ser ligados, desligados, aumentam ou diminuem a atividade (expressão de proteínas). No cérebro, a expressão do gene afeta os níveis de neurotransmissores que, por sua vez, influenciam funções complexas (personalidade, memória e inteligência). O mesmo ocorre com os fatores ambientais - dieta, ambiente, redes sociais e níveis de stress - que afetam os padrões dessa expressividade.

As diferenças genéticas definem a quantidade de serotonina (neurotransmissor envolvido no humor) em cada indíviduo. Quando de menos, pode significar uma predisposição para a depressão ou uma tendência para a compulsão alimentar. A falta de dopamina (outro neurotransmissor) também está associada ao aumento do comportamento de risco.

O genótipo é capaz de afetar a estrutura e o funcionamento cerebrais que, por sua vez, influenciam o comportamento.

Curiosidade:

Em 2003, foi concluído o Projeto Genoma Humano que mapeou as sequências que compõem o DNA humano. Essa pesquisa identificou cerca de 25 mil genes humanos presentes nos 46 cromossomos. O mapeamento do genoma possibilita que os pesquisadores saibam quais genes estão relacionados com cada processo metabólico, bem como sua posição nos cromossomos e o seqüenciamento das bases nitrogenadas (Adenina, Timina, Citosina e Guanina) do DNA. O armazenamento dessas informações está contido em bancos de dados, como o National Center for Biotechnology Information (NCBI), e servem para auxiliar os pesquisadores a desenvolverem ferramentas de bioinformática para analisar esses dados e permitir a realização de novas pesquisas biológicas. Assim como a facilidade de identificação de genes associados a doenças e de novos produtos biotecnológicos.

Referências:
-Alberts, B. - Molecular Biology of the Cell
-O livro do cérebro (trauzido pela editora Duetto)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher


Uma rosa, um olhar, um carinho...é o que nós, mulheres, simplesmente queremos. Buscamos o que a nossa natureza pede para buscar, o amor. Não queremos o impossível, só queremos nos sentir segura, amada e confortada ao lado de pessoas que amamos, nossos pais, nossos amigos e um companheiro para toda a vida.

Todos os dias é dia da mulher, dia da mãe, dia do pai, dia de comer chocolate. No decorrer do dia a dia, na loucura da nossa rotina, às vezes esquecemos que as pessoas que nos rodeiam fazem parte de nossa vida. As datas festivas são para lembrar que essas pessoas são importantes e que podemos compartilhar um sorriso, um gesto, uma flor, um chocolate. Não há nada de mal nessas datas, porque no final da história o ato da generosidade nos leva a uma sensação de ser querida por alguém.

Hoje, a cada mensagem no telefone, dos amigos, dos pais e de uma pessoa muito especial, um sorriso e uma sensação boa surgia. Uma rosa foi dada, e quero compartilhar com todas as mulheres os seguintes dizeres:

"Sabemos que em nossa luta diária nem tudo são flores, mas com certeza se não fosse a sua força, nossa caminhada seria ainda mais difícil. Por isso, neste dia, as flores são todas para você"

Parabéns pelo nosso dia, o Dia Internacional da Mulher

sábado, 6 de março de 2010

VIII ENCONTRO NACIONAL DE ASSOCIAÇÕES E GRUPOS DE PACIENTES COM EPILEPSIA

Local: Salão Vermelho da Prefeitura Municipal de Campinas
Realização: ASPE e EPI-Brasil
Dias: 18, 19 e 20 de março de 2010


Programa preliminar


Pré-Encontro
Para Guardas Municipais e Pessoas interessadas na Capacitação de Epilepsia – Ministrado pela ASPE
De acordo com a Lei Municipal 13467 (13/11/2008).
Inscrições no CETS da Prefeitura de Campinas. Endereço: Av. Aquidaban, 505 – Centro,– Campinas. Telefones: (19) 3236-2089 e 3232-8415. E-mail: saude.cets@campinas.sp.gov.br

Dia 18 de março, quinta-feira:
13:30h-14:00h – Recepção e entrega de material
14:00h-17:00h – Capacitação em epilepsia para guardas municipais da Prefeitura Municipal de Campinas (público estimado: 200 guardas municipais – convidados pela Prefeitura)

Dia 19 de março, sexta-feira:
8:30h-9:00h – Recepção e entrega de material
9:00h-12:00h – Capacitação em epilepsia para guardas municipais da Prefeitura Municipal de Campinas (público estimado: 200 guardas municipais – convidados pela Prefeitura)

Encontro Nacional

13:30h-14:00h - Inscrições
R$ 10,00 por pessoa (feitas na hora) e entrega de material
14:00h-14:30h – Abertura do VIII Encontro Nacional de Associações e Grupos de Pacientes com Epilepsia
· Dr. Li Li Min, médico, professor Associado do Depto. de Neurologia da FCM-UNICAMP e Presidente Fundador da ASPE
· Dra. Paula T. Fernandes, psicóloga, pesquisadora do Depto. de Neurologia da FCM-UNICAMP e Presidente da ASPE
· João Hércules Bezerra Gomes, presidente da Epi-Brasil
· Rosa Maria Lucena, vice-presidente da Epi-Brasil

14:30h-17:30h – Atualize seu conhecimento em epilepsia. Serão discutidos casos de pacientes com epilepsia em diferentes contextos: escola, rede básica, trabalho, preconceito. Debatedores:
· Dra. Ana Lúcia Noronha Kanashiro, médica neurologista da Prefeitura Municipal de Campinas
· Dr. Wagner Teixeira, médico neurologista do Hospital de Base de Brasília. Presidente da LBE
· Dra. Paula T. Fernandes, psicóloga, pesquisadora colaboradora do Departamento de Neurologia da FCM-UNICAMP e Presidente da ASPE
· Dr. Li Li Min, médico, professor Associado do Departamento de Neurologia da FCM-UNICAMP e Presidente fundador da ASPE
17:30h – Encerramento do dia

Dia 20 de março, sábado:
(Público estimado: 40 pessoas participantes das associações de epilepsia do Brasil)
08:30h-10:30h – Apresentação das Associações / Grupos / Movimentos de Epilepsia (15 minutos para cada apresentação).
Para esta atividade, cada associação deve escolher um representante que fará a apresentação das atividades da associação no período de 2009 a 2010 e enviar para o e-mail: paula@aspebrasil.org
10:30h-12:00h – Assembléia Geral da Epi-Brasil (somente para os participantes da Epi-Brasil)
12:30 – Almoço da Epi-Brasil

Realização:


quinta-feira, 4 de março de 2010

A base da fé


Sistemas de crenças rígidos podem levar as pessoas a "verem" coisas que não existem. Durante os julgamentos das bruxas de Salem, ocorridos em 1962, no Estado Americano de Massachusetts, fanáticos religiosos "viram" indícios do demônio no comportamento de pessoas absolutamente comuns. A superstição e a credulidade levaram à execução de jovens.

O fanatismo é o "excesso de zelo na defesa de certos ideais religiosos dando margem para alguns assombrosos banhos de sangue ao longo da História", trecho retratado no Livro A Peste das Almas. História de fanatismo.

A prática religiosa pode ser, na maioria das vezes, determinada por fatores culturais. No entanto, será que temos uma região específica no cérebro relacionado a fé? A transcedência espiritual compartilha algumas características com experiências "estranhas", como as vivências de sair do corpo, de ver auras e "da presença sentida". Essas coisas estão associadas a turbilhões de atividade extraordinariamente alta nos lobos temporais (ver reportagem de janeiro sobre religiosidade exarcebada em pessoas com epilepsia do lobo temporal).

A crença e a descrença são induzidas por partes do cérebro relacionadas às emoções, e não ao raciocínio. A fé ativa o córtex pré-frontal ventromedial, que processa a recompensa, a emoção e o paladar, enquanto a descrença é registrada pela ínsula, que gera sentimentos de repulsa.

O cérebro busca constantemente dar sentido ao mundo a fim de guiar nossas ações. Uma maneira de fazer isso é criar histórias ou conceber ideias explicativas, às quais incluímos experiências próprias. Em geral, essas montagens são úteis, mas nem sempre corretas.

Referência:
O Livro de Cérebro (traduzido pela editora Duetto);
LOPES, Marcos Antonio e MARTINS, Marcos Lobato. A Peste das Almas. História de fanatismo. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Utopia do Amor

Pra se dizer
Que a emoção vem depois da razão
Faz o coração morrer de paixão
Renunciar alguém só traz a dor

Será utopia ou realidade
Querer estar com alguém
Que se ame assim

(Utopia - Art Popular)


A palavra Utopia significa literalmente o não-lugar de nenhum lugar. Tomás Morus, humanista e jurista inglês, católico fervoroso e chanceler do reino da Inglaterra, Rei Henrique VIII, foi quem inventou a palavra Utopia em 1516.

Morus, em sua obra Utopia, descreve um Estado imaginário sem propriedade privada nem dinheiro, preocupado com a felicidade coletiva e a organização da produção, mas de fundamento religioso.

“Roubar o prazer de outrem ao buscar o seu é verdadeiramente uma injustiça, enquanto privar-se de algo em favor de outrem é verdadeiramente um ato humano e generoso. Este ato comporta mais benefícios que perda, sendo compensado pela reciprocidade, pelo reconhecimento, a alma obtendo assim mais alegria que o corpo.

Os utopianos designam prazer todo movimento e todo repouso do corpo que a natureza nos faz julgar agradável. O que é agradável em si, que se atinge sem nada fazer de injusto, sem nada perder de mais agradável, sem ter de pagá-lo com um sofrimento, não são somente os sentidos que levam a isso, mas a correta razão.

Os prazeres resultam do equilíbrio do corpo, como cada um os sente quando nada altera sua saúde. Esta, quando nenhum sofrimento não a perturba, agrada por si mesma. A saúde é única capaz de assegurar uma vida serena e desejável, e de impedir, quando ausente, qualquer prazer que seja.

Um prazer menor não deve ser obstáculo para um prazer maior, nem arrastar a dor atrás de si e jamais ser desonesto. Por outro lado, desprezar a beleza do corpo, arruinar suas forças, esgotar o corpo à força de jejuns, destruir a saúde, rejeitar com desprezo as doçuras da natureza, detruir-se sem proveito de ninguém: eis o cúmulo da loucura, o ato de uma alma malvada consigo mesma e supremamente ingrata com a natureza, já que a dispensa de todos os benefícios, como se tivesse vergonha de ter dívida em relação a ela.

Os utopianos são amáveis, alegres; saboreiam suas horas de descanso, suportam o que for necessário em matéria de trabalhos físicos e são infatigáveis nos trabalhos do espírito”.

Referência:
A Utopia. Tomás Morus. Porto Alegre: L&PM, 2009. ISBN 978-85-254-0673-6

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Budismo: Religião ou Filosofia?


A palavra Religião vem do latim "re-ligio", que significa "Prestar culto a uma divindade", pode ser definida como um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que parte da humanidade considera como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças.

A idéia de religião com muita frequência contempla a existência de seres superiores que teriam influência ou poder de determinação no destino humano. Outras definições mais amplas de religião dispensam a idéia de divindades e focalizam os papéis de desenvolvimento de valores morais, códigos de conduta e senso cooperativo em uma comunidade.

As religiões explicam de maneiras diversas o surgimento da felicidade e do sofrimento. As religiões monoteístas, como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, afirmam a existência de um criador do mundo, um ser surpremo. O Budismo é uma doutrina não-divina, portanto é alteísta porque não acredita em um Deus criador.

O Budismo fundamenta a crença do renascimento principalmente na continuidade do espírito e na lei universal de causa e efeito, o carma. Acreditam que todo o ser traz em si a possibilidade de alcançar a realização espiritual, através do processo de purificação. Aqui se diferenciam as grandes religiões do mundo.

Algumas pessoas se sentem atraídas pelo cristianismo, por causa do conceito de um Deus criador. Outros, acham o budismo atraente porque ele se concentra somente nas ações dos indivíduos. Certamente é possível encontrar boas razões para apoiar diferentes abordagens.

Uma religião sem Deus? O Budismo talvez possa ser considerado mais como uma filosofia de vida por acreditar somente na evolução espiritual do próprio ser, sem a existência de intervenção divina. Mas se analizarmos o sentido da palavra "religião" que engloba um conjunto de crenças e tradições, o Budismo pode ser dito como tal? Podemos considerar que o Budismo é uma Religião e Filosofia?
Referência:
Dalai Lama. Caminho da sabedoria, caminho da paz. Porto Alegre: L&PM, 2009. ISBN 978-85-254-1930-9

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Um coração que parou por 14 minutos!

Arteriografia: mostra artérias transportando
sangue rico em oxigênio para
o cérebro. Foto: Artium

No último domingo, dia 7, o Fantástico apresentou um caso de um homem que teve seu coração parado por 14 minutos, que foi ressuscitado pelos médicos e está bem, não apresenta nenhuma sequela. Graças ao procedimento muito usado no EUA e ainda pouco usado no Brasil, a hipotermia terapêutica.

O cérebro resiste apenas cerca de 10 minutos até que ocorra alguma lesão irreparável. Sem oxigênio no cérebro, as células nervosas, os neurônios, começam a morrer. É por isso que a ressuscitação imediata é necessária em casos de parada cardíaca (O Livro do Cérebro).

A técnica de hipotermia consiste em aplicar muito gelo até baixar a temperatura do paciente para entre 32°C e 24°C. Um procedimento delicado, pois acima de 34°C, não faz efeito e abaixo de 32°C, pode matar o paciente. Portanto, o soro sai do congelador na temperatura ideal direto para a veia do paciente.

O metabolismo do paciente se reduz ao básico para ficar vivo e concentra o gasto de energia na recuperação do cérebro. O paciente pode ficar em hipotermia de 24 a 48 horas.

Essa técnica é utilizada para fornecer neuroproteção em lesões cerebrais traumáticas, acidente vascular encefálico, hipertensão intracraniana, hemorragia subaracnóidea, entre outras condições neurológicas, além de infarto agudo do miocárdio e parada cardiorrespiratória.

É um tratamento altamente promissor, no entanto sua utilização não é tão ampla na prática clínica, principalmente pela falta de estrutura dos hospitais e estudos a respeito dos benefícios e complicações, tornando-se necessários maiores estudos a respeito, bem como aprimoramento dos profissionais* a respeito de sua utilização. (para saber mais: ler Artigo)

* Um estudo realizado com 600 médicos, 87% responderam que nunca haviam utilizado hipotermia terapêutica, principalmente por ter pouco conhecimento sobre o método, além de julgarem que as informações disponíveis são insuficientes.
A divulgação científica é uma ferramenta de meio de comunicação importante que tem que ser difundida para o conhecimento da sociedade médica e leiga.

Para saber mais:
Reportagem do Fantástico:
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1480731-15605,00.html
Artigo: O potencial da hipotermia terapêutica no tratamento do paciente crítico: http://www.scamilo.edu.br/pdf/mundo_saude/58/74a78.pdf