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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Utopia do Amor

Pra se dizer
Que a emoção vem depois da razão
Faz o coração morrer de paixão
Renunciar alguém só traz a dor

Será utopia ou realidade
Querer estar com alguém
Que se ame assim

(Utopia - Art Popular)


A palavra Utopia significa literalmente o não-lugar de nenhum lugar. Tomás Morus, humanista e jurista inglês, católico fervoroso e chanceler do reino da Inglaterra, Rei Henrique VIII, foi quem inventou a palavra Utopia em 1516.

Morus, em sua obra Utopia, descreve um Estado imaginário sem propriedade privada nem dinheiro, preocupado com a felicidade coletiva e a organização da produção, mas de fundamento religioso.

“Roubar o prazer de outrem ao buscar o seu é verdadeiramente uma injustiça, enquanto privar-se de algo em favor de outrem é verdadeiramente um ato humano e generoso. Este ato comporta mais benefícios que perda, sendo compensado pela reciprocidade, pelo reconhecimento, a alma obtendo assim mais alegria que o corpo.

Os utopianos designam prazer todo movimento e todo repouso do corpo que a natureza nos faz julgar agradável. O que é agradável em si, que se atinge sem nada fazer de injusto, sem nada perder de mais agradável, sem ter de pagá-lo com um sofrimento, não são somente os sentidos que levam a isso, mas a correta razão.

Os prazeres resultam do equilíbrio do corpo, como cada um os sente quando nada altera sua saúde. Esta, quando nenhum sofrimento não a perturba, agrada por si mesma. A saúde é única capaz de assegurar uma vida serena e desejável, e de impedir, quando ausente, qualquer prazer que seja.

Um prazer menor não deve ser obstáculo para um prazer maior, nem arrastar a dor atrás de si e jamais ser desonesto. Por outro lado, desprezar a beleza do corpo, arruinar suas forças, esgotar o corpo à força de jejuns, destruir a saúde, rejeitar com desprezo as doçuras da natureza, detruir-se sem proveito de ninguém: eis o cúmulo da loucura, o ato de uma alma malvada consigo mesma e supremamente ingrata com a natureza, já que a dispensa de todos os benefícios, como se tivesse vergonha de ter dívida em relação a ela.

Os utopianos são amáveis, alegres; saboreiam suas horas de descanso, suportam o que for necessário em matéria de trabalhos físicos e são infatigáveis nos trabalhos do espírito”.

Referência:
A Utopia. Tomás Morus. Porto Alegre: L&PM, 2009. ISBN 978-85-254-0673-6

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Budismo: Religião ou Filosofia?


A palavra Religião vem do latim "re-ligio", que significa "Prestar culto a uma divindade", pode ser definida como um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que parte da humanidade considera como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças.

A idéia de religião com muita frequência contempla a existência de seres superiores que teriam influência ou poder de determinação no destino humano. Outras definições mais amplas de religião dispensam a idéia de divindades e focalizam os papéis de desenvolvimento de valores morais, códigos de conduta e senso cooperativo em uma comunidade.

As religiões explicam de maneiras diversas o surgimento da felicidade e do sofrimento. As religiões monoteístas, como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, afirmam a existência de um criador do mundo, um ser surpremo. O Budismo é uma doutrina não-divina, portanto é alteísta porque não acredita em um Deus criador.

O Budismo fundamenta a crença do renascimento principalmente na continuidade do espírito e na lei universal de causa e efeito, o carma. Acreditam que todo o ser traz em si a possibilidade de alcançar a realização espiritual, através do processo de purificação. Aqui se diferenciam as grandes religiões do mundo.

Algumas pessoas se sentem atraídas pelo cristianismo, por causa do conceito de um Deus criador. Outros, acham o budismo atraente porque ele se concentra somente nas ações dos indivíduos. Certamente é possível encontrar boas razões para apoiar diferentes abordagens.

Uma religião sem Deus? O Budismo talvez possa ser considerado mais como uma filosofia de vida por acreditar somente na evolução espiritual do próprio ser, sem a existência de intervenção divina. Mas se analizarmos o sentido da palavra "religião" que engloba um conjunto de crenças e tradições, o Budismo pode ser dito como tal? Podemos considerar que o Budismo é uma Religião e Filosofia?
Referência:
Dalai Lama. Caminho da sabedoria, caminho da paz. Porto Alegre: L&PM, 2009. ISBN 978-85-254-1930-9

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Um coração que parou por 14 minutos!

Arteriografia: mostra artérias transportando
sangue rico em oxigênio para
o cérebro. Foto: Artium

No último domingo, dia 7, o Fantástico apresentou um caso de um homem que teve seu coração parado por 14 minutos, que foi ressuscitado pelos médicos e está bem, não apresenta nenhuma sequela. Graças ao procedimento muito usado no EUA e ainda pouco usado no Brasil, a hipotermia terapêutica.

O cérebro resiste apenas cerca de 10 minutos até que ocorra alguma lesão irreparável. Sem oxigênio no cérebro, as células nervosas, os neurônios, começam a morrer. É por isso que a ressuscitação imediata é necessária em casos de parada cardíaca (O Livro do Cérebro).

A técnica de hipotermia consiste em aplicar muito gelo até baixar a temperatura do paciente para entre 32°C e 24°C. Um procedimento delicado, pois acima de 34°C, não faz efeito e abaixo de 32°C, pode matar o paciente. Portanto, o soro sai do congelador na temperatura ideal direto para a veia do paciente.

O metabolismo do paciente se reduz ao básico para ficar vivo e concentra o gasto de energia na recuperação do cérebro. O paciente pode ficar em hipotermia de 24 a 48 horas.

Essa técnica é utilizada para fornecer neuroproteção em lesões cerebrais traumáticas, acidente vascular encefálico, hipertensão intracraniana, hemorragia subaracnóidea, entre outras condições neurológicas, além de infarto agudo do miocárdio e parada cardiorrespiratória.

É um tratamento altamente promissor, no entanto sua utilização não é tão ampla na prática clínica, principalmente pela falta de estrutura dos hospitais e estudos a respeito dos benefícios e complicações, tornando-se necessários maiores estudos a respeito, bem como aprimoramento dos profissionais* a respeito de sua utilização. (para saber mais: ler Artigo)

* Um estudo realizado com 600 médicos, 87% responderam que nunca haviam utilizado hipotermia terapêutica, principalmente por ter pouco conhecimento sobre o método, além de julgarem que as informações disponíveis são insuficientes.
A divulgação científica é uma ferramenta de meio de comunicação importante que tem que ser difundida para o conhecimento da sociedade médica e leiga.

Para saber mais:
Reportagem do Fantástico:
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1480731-15605,00.html
Artigo: O potencial da hipotermia terapêutica no tratamento do paciente crítico: http://www.scamilo.edu.br/pdf/mundo_saude/58/74a78.pdf

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O Sentido da Vida


O amor dá sentido às nossas vidas, bem como o ato de se doar e querer bem ao próximo, o envolvimento com o universo e ou a crença em Deus. A paz interior e a harmonia são fatores que suportam as nossas existências.

Não há vidas felizes e sim momentos felizes, a felicidade invade nosso coração quando compartilhamos nosso amor puro e verdadeiro. Compartir da imensidão de nosso ser não depende da duração do mundo. A eternidade que depositamos em nossas atitudes é que dá lugar aos nossos pensamentos existenciais.

A idade altera a forma como se sente a vida. A intensidade dos sonhos, dos desejos e das ambições é extensa na juventude. A mutação é inevitável ao longo dos anos. A passagem da juventude à velhice envolve experiências, maturidade, reflexões novas, verdades, segredos, que alteram os nossos valores e a forma como vemos e sentimos a vida.

“Todos os instantes de tempo são pontos perdidos na eternidade. Tudo é insignificante, facilmente mutável, tudo se apaga” - Marco Aurélio, imperador e filósofo romano.

Nascer e morrer. A idade avançada não deve ignorar que o viver faz parte da lei natural do universo. O amor não tem idade e nem fronteiras, então, façamos a vida valer a pena a cada instante do presente para dar lugar aos dias do nosso futuro.

Os dias dos seres humanos podem estar contados, abater-se é deixar o universo se comprometer com a nossa vida e, no mais profundo desconhecimento do ser interior, não saber o que é viver.

O conhecimento progressivo da ciência, da arte, da história é um processo que contextualiza a existência humana. Podemos desfrutar de vacina, tratamento, cura, e o próprio entendimento da vida. Não estamos nesse mundo para nascer, viver e simplesmente morrer, nos foi dado à infinidade para evoluirmos, então, vamos deleitar-se com muito gosto. Descobertas fazem parte do nosso dia a dia, que devem ser incorporadas por todos, pois somam o nosso SENTIDO DA VIDA.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Parkinson: Cérebro e coração?

A dopamina é um neurotransmissor, precursor natural da adrenalina e da noradrenalina. Tem como função a atividade estimulante do sistema nervoso central, ajuda a controlar os músculos e os movimentos.

As células que produzem a dopamina estão nos núcleos da substância negra (observar a foto) do mesencéfalo. Danos a elas reduzem a produção desse neurotransmissor, resultando nos sintomas motores típicos da doença de Parkinson.

Substância negra em um cérebro saudável (à esquerda) e substância negra diminuída em um cérebro com Parkinson (à direita ) - Foto: Rui Daniel S. Prediger

Os sintomas se desenvolvem progressivamente, começando com tremor nas mãos e pernas, progredindo para o arrastar de pés para andar, enrigidez dos músculos, escrita ilegível e postura inclinada. Na fase avançada, problemas na fala, dificuldade para engolir e eventual depressão.

Estudos recentes ressaltam novas formas de manifestação clínica da doença de Parkinson, como a associação da doença com problemas no coração, trabalho apresentado no 18th WFN World Congress on Parkinson’s Disease and Related Disorders, realizado em Miami, nos Estados Unidos, em dezembro último. A reportagem é da Agência Fapesp do dia 4/2/2010.

A apresentação foi do pesquisador Antonio Augusto Coppi, responsável pelo Laboratório de Estereologia Estocástica e Anatomia Química (LSSCA) do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP).

A pesquisa procura entender de que forma a doença afeta o coração. A equipe de Coppi induziu a doença de Parkinson nos camundongos por meio do uso do 1-metil-1-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropirimidina (MPTP), de modo a analisar seus efeitos no miocárdio, na inervação do coração e nos neurônios do sistema nervoso central. O objetivo é ver se o MPTP pode ser um bom modelo para se quantificar os efeitos da doença de Parkinson no coração.

Nos resultados preliminares, o grupo de camundongos que recebeu a droga apresentou, à análise morfológica estereológica estocástica tridimensional, uma atrofia do ventrículo esquerdo do coração e “uma tendência ao aumento do número de núcleos de fibras cardíacas (cardiomiócitos) desse mesmo ventrículo, o que é sugestivo de uma proliferação compensatória dessas fibras”, disse Coppi. O decréscimo nas concentrações de neurotransmissores no coração – dopamina e noradrenalina - também foram os dados observados.

A droga MPTP é muito utilizada para induzir doença de Parkinson em camundongos e em primatas, mas Coppi destaca que "os estudos sempre enfocaram o cérebro, mas sem abordar o aspecto morfoquantitativo do coração”.

De acordo com Coppi, a doença de Parkinson pode se iniciar pelo sistema nervoso periférico e, a partir daí, pode afetar os órgãos que são inervados por esse sistema periférico e depois evoluir para o cérebro. A teoria postulada hoje é que a doença de Parkinson comece no sistema nervoso central e evolua para um quadro periférico, afetando outros órgãos.

Pesquisas recentes e futuras poderão descobrir quais desses caminhos a doença de Parkinson percorre e, sendo assim, poderemos encontrar respostas para as causas, até então, desconhecidas.

Mais detalhes sobre a pesquisa podem ser obtidos com o professor Coppi por e-mail (guto@usp.br, skype (antonio.augusto.stereo), telefone (11) 3091 - 1214 ou visitando o site do LSSCA (www2.fmvz.usp.br/lssca).

Referências:
O livro do Cérebro (Traduzido, lançado pela editora Duetto)
Agência Fapesp: http://www.agencia.fapesp.br/materia/11724/parkinson-e-coracao.htm

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Rainha do Mar

Foto de Patrícia Carmo

"Iemanjá, rainha do mar, é também conhecida por dona Janaína, Inaê, Princesa de Aiocá e Maria, no paralelismo com a religião católica. Aiocá é o reino das terras misteriosas da felicidade e da liberdade, imagem das terras natais da África, saudades dos dias livres na floresta" - Jorge Amado

Iemanjá é um orixá africano, tem como significado "Mãe cujos filhos são peixes". Em Salvador, ocorre anualmente, no dia 2 de Fevereiro, uma das maiores festas do país em homenagem à "Rainha do Mar". A celebração envolve milhares de pessoas que, trajadas de branco, saem em procissão até ao templo-mor, localizado próximo à foz do rio Vermelho, onde depositam variedades de oferendas, tais como espelhos, bijuterias, comidas, perfumes e toda sorte de agrados.

Rainha do mar, tem como seguidores as religiões afro-brasileiros, e até membros de outras religiões. Pular as 7 ondinhas durante a virada do Ano Novo pedindo sorte e jogar no mar oferendas para a dinvidade, também é uma maneira de homenagear Iemanjá.

Na Umbanda, é considerada a divindade do mar, além de ser a deusa padroeira dos náufragos, mãe de todas as cabeças humanas, adora cuidar de crianças.

Dia 2 de fevereiro também é dia da santa católica Nossa Senhora dos Navegantes. Em Salvador, a festa católica acontece na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Cidade Baixa, enquanto os terreiros de Candomblé e Umbanda fazem divisões cercadas com cordas, fitas e flores nas praias, delimitando espaço para as casas de santo que realizarão seus trabalhos na areia.

Interessantemente, em Pelotas, Rio Grande do Sul, a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes vai até o Porto de Pelotas e antes do encerramento da festividade católica acontece um dos momentos mais marcantes da festa de Nossa Senhora dos Navegantes, as embarcações param e são recepcionadas por umbandistas que carregam a imagem de Iemanjá, proporcionando um encontro ecumênico assistido da orla por várias pessoas.

Para ler mais:

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Olho: Uma janela para o diagnóstico de Alzheimer



A doença de Alzheimer (AD) é a principal causa de demência* no mundo, trata-se de um quadro degenerativo progressivo, em que costuma ser associada à formação de placas e emaranhados de proteína (beta-amielóide) que, depositada no cérebro, leva à morte de neurônios. Embora áreas especializadas do cérebro são mais conhecidas como sítios da patologia de AD, crescente evidência mostra que o olho, particularmente a retina, é também afetada.

Alterações na retina de pacientes com AD estão associados com a degeneração e perda de neurônios. Avaliar as mudanças patológicas no cérebro durante a vida é um processo indireto e o olho pode ser usado como uma janela para as doenças do cérebro.

Uma técnica de exame de olhos, desenvolvida em Londres, permite um diagnóstico com até duas décadas de antecedência. Pesquisadores acreditam que sendo o olho uma extensão do cérebro, quando o reagente desenvolvido para ser aplicado como colírio atingir a retina, a substância assinala as células mortas, que são detectadas por uma câmera com raios infravermelhos. Cada pontinho é uma célula morta, mais de 20 pontos, sinal de Alzheimer. A técnica foi um sucesso em ratos e agora começará a ser testada em humanos.

A doença de alzheimer pode ser amenizado com tratamento medicamentoso que varia de pessoa para pessoa e depende de quando a doença é descoberta. A grande vantagem da técnica revolucionária é poder começar o tratamento precocemente, para desacelerar o envelhecimento e a morte de células.

* Demência = Perda de memória progressiva, confusão mental e alterações comportamentais.

Referências:
- O livro do cérebro;


terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Livro diz que falta prevenção contra desastres no Brasil



Deslizamento de terra - 8 Dez 2009
Foto de Alexandre Vieira








Deslizamento de terra e enchentes é cenário que se repetem a cada ano no Brasil e é o tema de maior destaque na mídia, ultimamente. A intensidade dos fenômenos naturais é apontado como o principal e, muitas vezes, como o único fator atribuído a esses desastres. Estudos realizados pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres (Neped), do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), constataram que não há, no Brasil, uma cultura relacionada à prevenção e à proteção civil em relação a desastres.

O livro Sociologia dos Desastres: construção, interfaces e perspectivas no Brasil reúne esses estudos realizados no Neped desde 2003 e artigos de 12 especialistas diferentes. O livro tem o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento do Sistema Nacional de Defesa Civil. A reportagem é da revista Fapesp de hoje, 26/01, que tem o título: "Rotina desastrosa".

Recentemente, os desastres ocorridos em Angra dos Reis é um exemplo atual de uma constatação feita pelos especialistas no livro: os órgãos públicos têm dificuldades para reagir aos desastres, segundo Mariana Siena, uma das pesquisadoras do grupo, "se houvesse prevenção, a espacialização da população não geraria desastres. Se há fatores que caracterizam ameaça, é preciso preparar a população. E, após o resgate, é preciso buscar maneiras de reabilitar a população imediatamente e fazer uma reconstrução resiliente", ressalta. "As lições aprendidas com as falhas na prevenção quase nunca são incorporadas”, afirmou Mariana.

Os desastres relacionados a chuva e a seca atingem 25% dos municípios brasileiros. Os estudos do grupo observaram que os mesmos locais e as mesmas famílias haviam sido atingidas diversas vezes nos últimos sete anos. Imaginamos que somente a população pobre é atingida, por causa da vulnerabilidade desses indivíduos, mas o desastre acontece com todos, pobres e ricos, a diferença é que os ricos tem facilidade de erguer novamente o que foi destruído e garantir medidas de prevenção por possuir um poder aquisitivo maior do que a população pobre que não tem tempo de se recuperar e logo são atingidos novamente.

Esses grupos são submetidos a um expressivo sofrimento social em situações de desastre. Na maioria dos casos, essas vulnerabilidades se combinam com políticas sociais precárias", ressalta Mariana. O livro é dividido em quatro seções, as dimensões sociais da vulnerabilidade são abordadas na segunda parte do livro. A primeira trata de políticas institucionais da defesa civil, a terceira discute o tema “Educação para redução de desastres” e a última seção, a única que trata estudos feitos fora do Brasil, avalia os impactos das mudanças climáticas sobre países do continente Africano.

Sociologia dos Desastres: construção, interfaces e perspectivas no Brasil
Autor: Norma Valêncio e outros
Lançamento: 2010
Preço: Distribuição gratuita (é só clicar no nome do livro no texto)
Páginas: 268

Reportagem Fapesp: http://www.agencia.fapesp.br/materia/11675/rotina-desastrosa.htm

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Intolerância religiosa

Tradição africana brasileira

Dia 21 de janeiro, dia Mundial da Religião e dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Data que marca o falecimento da Mãe Gilda, yalorixá do Terreiro Abassá de Ogum, vítima de um infarto depois da invasão e destruição ao seu templo religioso por crentes que se diziam evangélicos, os quais a acusavam de charlatanismo.

Durante séculos, as religiões de matrizes africanas* foram estigmatizadas por falta de informação, preconceito e crenças. Infelizmente, a interpretação e avaliação da tradição africana que começam em locais específicos, ou práticas, que então são generalizadas sem uma razão válida, se limita a sobreviver nos dias de hoje. O processo de reinterpretação dessas religiões começaram há aproximadamente sessenta anos. Antes tarde do que nunca para inverter o estigma que a rodeia. "Os africanos tradicionalmente são vistos como selvagens e irracionais, particularmente no Brasil, país de vasta trajetória escravista e que durante muito tempo rejeitou o legado das diversas culturas negras que por aqui aportaram", fato histórico que possa dificultar o processo de cicatrização.

A doutrina filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria religiosa é chamada de laicismo. Os valores primaciais do laicismo são a liberdade de consciência, a igualdade entre cidadãos em matéria religiosa, e a origem humana e democraticamente estabelecida das leis do Estado. A religião pode não interferir diretamente na política, como é o caso dos países ocidentais ou a religião tem papel ativo na política e até mesmo na constituição, como é o caso do Vaticano.

"Não se deve confundir a laicidade do Estado com a neutralidade e a cegueira diante das injustiças cometidas contra as religiões no país". A mídia retrata poucos casos de conflitos violentos entre membros de determinadas Igrejas e outras culturas religiosas no Brasil, mas se buscarmos profundamente encontramos as referências. É importante ressaltar e diferenciar pessoas que se consideram líderes religiosos e inventam suas crenças que ridicularizam qualquer doutrina séria dos verdadeiros líderes.

A diversidade de dogmas e culturas tem como base a crença de uma força maior sobrenatural, criador do Universo. Cada religião define suas doutrinas de acordo com sua crença, peculiaridade e riqueza cultural. Uma religião não deve ser concorrente da outra, pois elas são complementares porque surgiram para tentar responder a uma série de perguntas que sempre estiveram presentes ao longo de nossa história. O dia nacional da intolerância religiosa vem nos alertar a importância do respeito e paz entre as religiões.


*As religiões tradicionais africanas envolvem ensinamentos, práticas e rituais que fazem a estrutura das sociedades nativas africanas, refletem concepções locais de Deus e do cosmos. Não acreditam em demônios e seres malignos. Tem consciência de que o homem é inspiração de Deus e tem a capacidade para fazer tanto o bem como o mal. Acreditam na existência de um Criador.


Para ler mais sobre:

Tradição religiosa africana: http://www.ifatola.com/

Reportagens sobre a legalização de terreiros: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,para-umbandista-governo-usa-religiao-como-propaganda,499324,0.htm e http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100121/not_imp498975,0.php

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Haiti: A moralidade humana depois do terremoto

United Nations Photo
As placas tectônicas se movimentam lenta e continuamente causando vibração brusca e passageira da superfície da Terra. Este fenômeno é chamado terremoto, que resulta em perda de vidas, ferimentos e altos prejuízos financeiros e sociais, como o desabrigo de populações inteiras, facilitando a proliferação de doenças, fome e a luta pela sobrevivência. Essas palavras descrevem a vida dos haitianos desde a última terça-feira, dia 12, causado por um forte terremoto de nível 7,0 na escala Richter.

Organizações não governamentais (ONG) estavam ajudando a minimizar a pobreza do Haiti antes do terremoto. Hoje, a privação da comida, bebida e de um teto para morar é a realidade nua e crua dos haitianos depois da catástrofe. A sensação anestésica deve ter sido inevitável para essas pessoas, diante dos seus olhos, pedras sobrepostas em montes eram parte de sua história real com pessoas reais.

Inevitável e emocionante é ver tantas pessoas sofrendo as consequências da evolução da Terra e a generosidade humana para com elas. O mundo conheceu um Haiti que era ajudado por tantas pessoas e agora mais do que nunca precisa do coração de cada um, seja rezando ou doando. A emoção toma conta da mente e uma mudança acontece dentro de nós, principalmente para quem viveu esta tragédia. Pessoas lutam por um espaço, saqueiam casas, brigam por comida e até pela água não potável da rua. A moralidade humana depois do terremoto continua a mesma para os haitianos? O que muda no corpo e na mente com todas essas privações?

As células consomem nutrientes para produzir a energia que o corpo necessita para viver. A ingestão de pães, cereais, legumes e frutas fornecem carboidratos, amido e açúcares para o nosso corpo que se transformam em glicose, o açúcar simples que o corpo humano utiliza para se ter energia. O laticínios, ovos, carnes e óleos contém gordura que levam as vitaminas até as células protegendo os órgãos internos e armazenando energia. As proteínas provenientes de carnes, peixes, leite e os grãos é o principal componente da pele, músculos, ossos e são necessárias para o crescimento e manutenção de todas as células do corpo humano. Além desse conhecimento nutricional, o consumo desses alimentos garantem o bom funcionamento da atividade mental.

Pessoas normais, que cresceram em um ambiente adequado, desenvolvem um sentido instintivo do que é certo ou errado - é o que diz o Livro do Cérebro - e que demonstra ao menos em parte estar programado no cérebro. Essa programação parece estar relacionada com a autopreservação. Quem nunca perguntou: "Você age pela razão ou emoção?". Isso porque há dois circuitos cerebrais distintos e que são ativados quando julgamos a moralidade. O circuito racional é objetivo, pesa os prós e contras de cada ação. O circuito emocional gera noções rápidas e instintivas sobre o certo e errado.

Será que escolhemos um circuito para nos dizer o que fazer em uma determinada situação? Na verdade, os dois circuitos podem trabalhar juntos para a tomada de decisões, mas nem sempre os dois circuitos chegam a mesma conclusão, porque as emoções tendem a beneficiar a auto preservação e/ou proteger pessoas de quem gostamos.

Vivenciar uma emoção extrema pode ter uma influência significativa, de curto prazo, sobre as áreas do cérebro cruciais para o raciocínio, a inteligência e outros tipos de cognição mais elevada. O transtorno sofrido pelos haitianos pode fazer com que o julgamento social, o certo e errado, o reconhecimento pessoal e a punição, dê lugar ao comportamento instintivo ou natural, como a autoproteção e/ou proteção de entes e amigos queridos. Comportamento este que pode diferir do comportamento racional que é produzido após avaliarmos uma situação, que daria proteção a todas pessoas do mesmo modo.

O comportamento interno reflete o conflito entre a moralidade natural e racional. O limite do humano e da animalidade pela disputa por comida e bebida pela sobrevivência. A luta pelo instinto assim como acontece com os animais. A mudança do corpo por privações de nutrientes refletindo no funcionamento das atividades cerebrais. Tudo prova que a moralidade humana está presente no cérebro, e se desenvolve mais para nos proteger do que para "fazer o bem".

Vídeo da luta pela sobrevivência:
http://tvig.ig.com.br/208865/haiti-sofre-com-a-falta-de-seguranca.htm
Referências: O livro do cérebro; O cérebro e o sistema nervoso central.