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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Livro diz que falta prevenção contra desastres no Brasil



Deslizamento de terra - 8 Dez 2009
Foto de Alexandre Vieira








Deslizamento de terra e enchentes é cenário que se repetem a cada ano no Brasil e é o tema de maior destaque na mídia, ultimamente. A intensidade dos fenômenos naturais é apontado como o principal e, muitas vezes, como o único fator atribuído a esses desastres. Estudos realizados pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres (Neped), do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), constataram que não há, no Brasil, uma cultura relacionada à prevenção e à proteção civil em relação a desastres.

O livro Sociologia dos Desastres: construção, interfaces e perspectivas no Brasil reúne esses estudos realizados no Neped desde 2003 e artigos de 12 especialistas diferentes. O livro tem o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento do Sistema Nacional de Defesa Civil. A reportagem é da revista Fapesp de hoje, 26/01, que tem o título: "Rotina desastrosa".

Recentemente, os desastres ocorridos em Angra dos Reis é um exemplo atual de uma constatação feita pelos especialistas no livro: os órgãos públicos têm dificuldades para reagir aos desastres, segundo Mariana Siena, uma das pesquisadoras do grupo, "se houvesse prevenção, a espacialização da população não geraria desastres. Se há fatores que caracterizam ameaça, é preciso preparar a população. E, após o resgate, é preciso buscar maneiras de reabilitar a população imediatamente e fazer uma reconstrução resiliente", ressalta. "As lições aprendidas com as falhas na prevenção quase nunca são incorporadas”, afirmou Mariana.

Os desastres relacionados a chuva e a seca atingem 25% dos municípios brasileiros. Os estudos do grupo observaram que os mesmos locais e as mesmas famílias haviam sido atingidas diversas vezes nos últimos sete anos. Imaginamos que somente a população pobre é atingida, por causa da vulnerabilidade desses indivíduos, mas o desastre acontece com todos, pobres e ricos, a diferença é que os ricos tem facilidade de erguer novamente o que foi destruído e garantir medidas de prevenção por possuir um poder aquisitivo maior do que a população pobre que não tem tempo de se recuperar e logo são atingidos novamente.

Esses grupos são submetidos a um expressivo sofrimento social em situações de desastre. Na maioria dos casos, essas vulnerabilidades se combinam com políticas sociais precárias", ressalta Mariana. O livro é dividido em quatro seções, as dimensões sociais da vulnerabilidade são abordadas na segunda parte do livro. A primeira trata de políticas institucionais da defesa civil, a terceira discute o tema “Educação para redução de desastres” e a última seção, a única que trata estudos feitos fora do Brasil, avalia os impactos das mudanças climáticas sobre países do continente Africano.

Sociologia dos Desastres: construção, interfaces e perspectivas no Brasil
Autor: Norma Valêncio e outros
Lançamento: 2010
Preço: Distribuição gratuita (é só clicar no nome do livro no texto)
Páginas: 268

Reportagem Fapesp: http://www.agencia.fapesp.br/materia/11675/rotina-desastrosa.htm

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