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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Intolerância religiosa

Tradição africana brasileira

Dia 21 de janeiro, dia Mundial da Religião e dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Data que marca o falecimento da Mãe Gilda, yalorixá do Terreiro Abassá de Ogum, vítima de um infarto depois da invasão e destruição ao seu templo religioso por crentes que se diziam evangélicos, os quais a acusavam de charlatanismo.

Durante séculos, as religiões de matrizes africanas* foram estigmatizadas por falta de informação, preconceito e crenças. Infelizmente, a interpretação e avaliação da tradição africana que começam em locais específicos, ou práticas, que então são generalizadas sem uma razão válida, se limita a sobreviver nos dias de hoje. O processo de reinterpretação dessas religiões começaram há aproximadamente sessenta anos. Antes tarde do que nunca para inverter o estigma que a rodeia. "Os africanos tradicionalmente são vistos como selvagens e irracionais, particularmente no Brasil, país de vasta trajetória escravista e que durante muito tempo rejeitou o legado das diversas culturas negras que por aqui aportaram", fato histórico que possa dificultar o processo de cicatrização.

A doutrina filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria religiosa é chamada de laicismo. Os valores primaciais do laicismo são a liberdade de consciência, a igualdade entre cidadãos em matéria religiosa, e a origem humana e democraticamente estabelecida das leis do Estado. A religião pode não interferir diretamente na política, como é o caso dos países ocidentais ou a religião tem papel ativo na política e até mesmo na constituição, como é o caso do Vaticano.

"Não se deve confundir a laicidade do Estado com a neutralidade e a cegueira diante das injustiças cometidas contra as religiões no país". A mídia retrata poucos casos de conflitos violentos entre membros de determinadas Igrejas e outras culturas religiosas no Brasil, mas se buscarmos profundamente encontramos as referências. É importante ressaltar e diferenciar pessoas que se consideram líderes religiosos e inventam suas crenças que ridicularizam qualquer doutrina séria dos verdadeiros líderes.

A diversidade de dogmas e culturas tem como base a crença de uma força maior sobrenatural, criador do Universo. Cada religião define suas doutrinas de acordo com sua crença, peculiaridade e riqueza cultural. Uma religião não deve ser concorrente da outra, pois elas são complementares porque surgiram para tentar responder a uma série de perguntas que sempre estiveram presentes ao longo de nossa história. O dia nacional da intolerância religiosa vem nos alertar a importância do respeito e paz entre as religiões.


*As religiões tradicionais africanas envolvem ensinamentos, práticas e rituais que fazem a estrutura das sociedades nativas africanas, refletem concepções locais de Deus e do cosmos. Não acreditam em demônios e seres malignos. Tem consciência de que o homem é inspiração de Deus e tem a capacidade para fazer tanto o bem como o mal. Acreditam na existência de um Criador.


Para ler mais sobre:

Tradição religiosa africana: http://www.ifatola.com/

Reportagens sobre a legalização de terreiros: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,para-umbandista-governo-usa-religiao-como-propaganda,499324,0.htm e http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100121/not_imp498975,0.php

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